Apresentação do que é a Geografia


Ao longo da história a natureza foi sendo transformada pelo trabalho do homem, que passou a produzir um espaço com o objetivo de garantir sua subsistência. Esse processo de humanização tornou a natureza cada vez mais articializada, graças ao desenvolvimento de técnica. Expandiram-se as áreas agrícolas, desenvolveram-se as cidades e as indústrias, contruíram-se estradas, enfim, cada vez mais novas técnicas foram sendo incorporadas ao espaço geográfico, transformando-o. Poucos lugares da superfície terrestre ainda não sofreram transformações. Porém, mesmo esses lugares, como no interior da Floresta Amazônica ou nas calotas polares, o território está delimitado, existe ingerência política, estão sujeitos a acordos internacionais e neless atuam interesses ligados aos que buscam sua preservação e aos que desejam explorá-los de forma predatória. Ou seja, mesmo em um meio antural, aparentemente intocado, exitem muitas relações políticas, econômicas, culturais e ambientais que não são visíveis na paisagem.

Assim, a paisagem é somente a aparência da realidade, aquilo que nossa percepção capta. Embora as paisagens estajam impregnadas das relações sociais, econômicas e políticas travadas entre os homens, essas relações não são facilmente percebidas por todas as  pessoas, sendo necessários desvendá-las para que o espaço geográfico possa ser apreendido em sua assência. Isso requer estudos, presquisas.

Desde a Antiguidade muitos autores elaboraram estudos que podem ser considerados geográficos, embora o conhecimento fosse disperso, desarticulado, viculado à fisosofia, à matemática e às ciências da natureza. Na Grécia Antiga, Heródoto, Hipócrates e Aristóteles, entre outros, analisaram a dinâmica dos fenômenos naturais, elaboraram descrições da paisagens e estudaram a relaçõa homen-natureza. Na Idade Média, Cláudio Ptolomeu fez importantes estudos geográficos e cartográficos resgistrados em sua obra Síntese Geográfica. A expansão marítima européia também proporcionou grandes avanços aos estudos geográficos.

No entanto, somente em meados do século XIX, dois pesquisadores alemães - Alexander von Humboldt (1769-1859)  e Karl Ritter (1779-7859) - fudaram a geografia como ciência, ou seja, uma área do conhecimento que passou a ser pesquisada e ensinada nas universidades, com a gradativa sistematização de seu arcabouço teórico-metodológico.

No final do século XIX, outro importante pesquisador alemão - Friedrich Ratzel (1844-1904) - definiu a geografia como ciência humana, embora na prática  a tenha tratado como ciência natural. Considerou a influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade como objeto de estudo da disciplina, dando origem ao "determinismo geográfico", influenciado pelas teorias de Lamarck e de Darwin.

No início do século XX, um geógrafo françês - Paul Vidal de La Blanche (1845-1918) - passou a criticar o método puramente descritivo e a defender que a geografia se preocupasse com a relação sociedade natureza, posicionando os seres humanos como agentesque sofrem influência do meio, mas também agem sobre ele, transformando-o. Inaugurava, em contraposição ao "determinismo", uma corrente conhecida como "possibilismo", ambas posteriormente rotuladas como "geografia tradicional'.

Assim, até meados do século XX a grande maioria dos geógrafos se limitava a descrever as características físicas, humanas e econômicas das diversas formações socioespacias, procurando estabelecer comparações e diferenciações entre elas. Embora tenha tido um importante papal no desenvolvimento da geografia como ciência, a geografia tradicional nos legou um ensino escolar centrado na memorização de mapas e dados estatísticos sobre população e economia, juntamente com as características físicas de clima, relevo, vegetação e hidrografia. Essa estrutura perdurou até a segunda metade do século XX, quando a descrição das paisagens, com seus fenômenos naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais eficiente e atraente pela televisão, e os geógrafos se viram obrigados a buscar novos objetos de estudo que permitissem à geografia sobreviver como disciplina escolar no ensino básico e como ramificação das ciências humanas em nível universitário.

Nesse período o processo de mudança do objeto de pesquisa da siciplina teve seu marco principal na década de 1970, quando a geografia passou por um efervenscente prcesso de renovação em suas bases teóricas e nos seus métodos de análise. Esse processo transformador teve como um dos pioneiros o geógrafo françêsYves Lacoste. Em 1976 ele publicou A geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra, livro que viria a balançar as estruturas da geografia tradicional. Criticava seu conteúdo ideológico a serviço dos interesses dominantes - político e econômico - e apontava cominhos para a renovação crítica. No Brasil um dos pioneiros nesse processo foi o geógrafo Milton Santos, em seu livro Por uma geografia nova, publicado em 1978.

Enquanto na França e no Brasila renovação teve forte influência do pensamento de esquerda, sobretudo do marxismo, nos Estado Unidos a contraposição à corrente tradicional foi a geografia quantitativa ou pragmática, que criticava a falta de prgmatismo, o atraso tecnológico da geografia tradicional e passou a autilizar ssitemas matemáticos e computacionais para interpretar o espaço geográfico. Essa corrente tecnicista e utilitarista da renovação, que mascarava os conflitos e as contradições sociais denunciados pelos geógraos críticos, era uma perspectiva consevadora, a serviço do status quo.

O fim do socialismo real contribuiu para reduzir a influência do marxismo nas ciências humanas, o que abriu caminho para a difusão de outras correntes térico-metodológicas na geografia crítica, como a fenomenologia e o existencialismo, ao mesmo tempo que as correntes críticas passaram a valorizar as novas tcnologias - computadores, satélites etc. 0 na interpretação do espaço geográfico.

Atualmente, depois de três décadas de renovação e com o avanço da globalização, o crescimento de problemas como os conflitos étnicos, a questão ambiental, os movimentosterrotistas, as crises finaceiras etc., consolida-se a certeza de que a geografia é uma disciplina fundamental para a compreensão do mundo conteporâneo nas escalas local, nacional e mundial.

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